Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 112
(Próxima: 20/9/2011)


Dafne rejeita Apolo

Apolo era filho de Zeus e Leto, e irmão gêmeo de Ártemis. O deus tem centenas de atributos, mas adquiriu maior importância por seu caráter profético. Em sua honra criaram templos onde os fiéis buscavam o conhecimento do futuro, sendo o mais célebre o Templo de Delfos, localizado onde Apolo exterminou Píton, guardiã do antigo Oráculo. Para celebrar seu triunfo eram celebrados de quatro em quatro anos nas alturas do Parnaso os Jogos Píticos, nos quais predominavam disputas musicais e poéticas. As máximas do Templo de Apolo pregavam sabedoria e moderação: “conhece-te a ti mesmo ” e “nada em demasia ”.

Apolo teve muitos amores, mas também foi recusado por deusas e mortais, apesar da beleza divina. Certa vez caçoou de Eros dizendo que o arco e a flecha eram atributos seus e que manejava o arco e a flecha melhor que ele. Ressentido com a arrogância de Apolo, Eros o acertou com a flecha do amor e a ninfa Dafne com a flecha da repulsa.

As ninfas eram cultuadas como divindades, mas não eram imortais, nem moravam no Olimpo com os deuses. Elas não envelheciam e suas vidas duravam enquanto duravam os lagos, as árvores e outros elementos a que estavam ligadas, simbolizando a eterna renovação da natureza, que morre e renasce em ciclos. Apolo nutriu amores por várias ninfas, entre elas Corônis, com quem teve Asclépio, que se destacou na medicina a ponto de ressuscitar alguns mortos, sendo fulminado por Zeus.

Mesmo sendo deus da medicina, Apolo não encontrou nada que curasse a flechada do deus do Amor. A ninfa fugiu para as montanhas e pediu ajuda ao pai, o rio Peneu, que a metamorfoseou em loureiro. Apolo declarou amor eterno a Dafne tornando o loureiro sua árvore sagrada. Os lauréis confeccionados com espécies de louro eram o símbolo da coroação no mundo greco-romano entre guerreiros e poetas. Dizem que Apolo teria se purificado com louro após matar a serpente Píton. Também se diz que a pitonisa, sacerdotisa do Oráculo de Delfos, mascava louro antes de profetizar.

Como emblema da paz e da vitória, a coroa de louros também foi associada a outras divindades como Dioniso, deus do vinho e do Teatro; Zeus, pai dos deuses e dos homens; Hera, esposa de Zeus e protetora do casamento; Ártemis, deusa da caça e protetora da vida selvagem. No norte da África tinha o significado de talismã e, na China, o loureiro aparece como árvore sob a qual a lebre lunar mistura o elixir da imortalidade. Entre os cristãos é símbolo de vida eterna.

 

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