Atual Conselheira Municipal de Literatura (segunda gestão). Uma das idealizadoras do projeto POESIA DE PONTA (março/desde 2007). Selecionada através de concursos para participar de várias antologias, desde 1983. 1ª colocada no Concurso de Crônicas realizado pela ALCG em 2008. Homenageada com o Prêmio Anita Philipowski de 2009.
1ª quinzena de setembro de 2010 - Coluna 136
(Próxima coluna: 18/9/2010)
Don't worry, Baby
Quando um céu plúmbeo se avizinhar pela janela da sala, num final de tarde qualquer, não se preocupe: depois da tempestade anunciada, sempre haverá um arco-íris, nem que seja apenas um desenho débil de criança, mal colorido numa folha singela de caderno com linhas ou quadriculado. As promessas da infância, os sonhos da adolescência, os amores da puberdade, o fogo do amadurecimento, a ansiedade da meia idade, o ar sereno dos mais de cinqüenta chegando aos sessenta, o suspiro da velhice talvez aos oitenta – imprecisa partida, ninguém sabe.
A fumaça do incêndio apagado entre as pernas, as pintas marcando a pele, os sulcos impressos na face, a flacidez desenhando contornos imprecisos onde antes habitavam curvas provocantes.
Todos esperam que um banco de madeira cômodo aguarde num jardim florido, quem sabe sob a sombra amena de uma árvore frondosa, um canto de conforto. Qual será a última imagem, a deliciosa lembrança, o derradeiro amor que levaremos conosco? P'ra onde? Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém voltou pra contar de forma lúcida e precisa, com provas e contraprovas; ninguém filmou ou tirou fotos; o telefone nunca mais tocou.
Trimmmmm...
Calma, coração em descompasso, é apenas o despertador.