Mito em contexto - Coluna 127
(Próxima: 20/2/2012)
O engano de Fauno
Egipãs, Silenos e Sátiros eram divindades agrícolas que habitavam bosques e montanhas e protegiam homens e animais que viviam em contato com a natureza. Eles participavam do cortejo do deus Dioniso e amavam os bosques, as ninfas e o vinho. Entre os romanos, a figura dos Sátiros estava associada a Fauno. Na Grécia, Pã, filho de Hermes, é a matriz do romano Fauno. Esse importante deus associado à fecundidade também era conhecido sob o nome de Luperco.
Fauno era venerado num templo construído sobre o monte Palatino, onde se realizavam as Lupercálias, principais festas em sua homenagem. Os sacerdotes de Fauno vestiam-se com pele de cabra ou simplesmente nus, pois o deus proibiu vestimentas em sua presença desde que confundira Hércules e Ônfale. Hércules passava um tempo com a rainha Ônfale, realizando trabalhos a fim de se purificar da morte de Ífito. Terminados os trabalhos, que consistiam em limpar o reino da Lídia de monstros e malfeitores, Hércules dedicou seu tempo ao ócio. A apaixonada rainha se divertia usando as vestes do herói, enquanto ele usava as roupas dela e tecia com as servas.
Apaixonado por Ônfale, Fauno um dia esperou os dois amantes adormecerem e entrou no quarto onde estavam. No escuro, procurou o corpo feminino de Ônfale e tentou possuí-lo. Fauno se deitou ao lado de Hércules, que atirou-o ao chão quando despertou. Assim o poeta Ovídio conta:
“Fauno deita-se no leito que lhe estava mais próximo, e seu membro intumescido estava mais duro que um chifre; enquanto isso ele levanta as túnicas pela extremidade de baixo e as ásperas pernas se eriçaram com os densos pelos. Súbito o herói de Tirinto o repeliu enquanto ele tentava o resto: o Fauno cai do alto da cama. Ocorre um barulho, a meônida grita por suas companheiras e pede por luz; trazidos os fachos, desvendam-se os acontecimentos. Lançado violentamente do alto do leito ele geme e mal levanta seu corpo do chão duro. Alcides ri e riem aqueles que o viram deitado. A jovem lídia ri de seu amante. O deus, enganado pela roupa, não ama as vestimentas que enganam seus olhos, e invoca nus para seus ritos.”
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