Jornalista, editorialista do Jornal da Tarde, comentarista da Rádio Jovem Pan e do SBT, poeta e escritor com diversos livros publicados, entre eles: Solos do silêncio – poesia reunida e O silêncio do delator, agraciado com o Prêmio "Senador José Ermírio de Moraes", da ABL. Leia novo texto de Ronaldo Cagiano na fortuna crítica do autor e conheça a poesia do colunista, cujo CD agora tem opção de download. Site: http://www.neumanne.com
Coluna de 14/5/2009
(Próxima coluna 21/5/2009)
A presepada dos políticos no estádio
O astro do campeonato paulista, Ronaldo, tem razão em reclamar da desorganização da festa depois da final e o ministro e o secretário de esportes nada tinham a fazer no palco da taça
O craque Ronaldo, vulgo Fenômeno, autor de gols bonitos e importantes na conquista do campeonato paulista invicto pelo time mais popular da cidade, o Corinthians, ficou chocado com a desorganização que campeou no momento que ele teve para festejar com os companheiros e sua torcida o título e a própria volta por cima. De fato, qualquer observador desapaixonado que comparar as finais do Pacaembu e do Maracanã de anteontem ficará impressionado positivamente com a festa do quinto tricampeonato do clube de maior torcida do País, o Flamengo, apesar da notória bagunça que reina no futebol carioca desde priscas eras. E assustado e perplexo com a presepada promovida aqui na catastrófica parceria entre a Federação Paulista de Futebol (FPF) e a entidade que administra o Estádio Paulo Machado de Carvalho, a secretaria de Esportes da Prefeitura de São Paulo.
Contra recomendações das autoridades responsáveis pela segurança na final do campeonato, os irresponsáveis desorganizadores da festa construíram uma geringonça para içar o palco no qual o capitão do time vencedor mostraria o troféu conquistado à torcida. Foi um deus-nos-acuda, pois os gênios do marketing esportivo e político ignoraram a facilidade da combustão em papel e não foram capazes de prevenir o fogo que chegou a ser ateado justamente no momento em que a traquitana se elevava rumo aos píncaros da glória. O capitão campeão William apagou o fogo com sua camiseta e o troféu conquistado pela equipe em que atua, evitando a crônica da tragédia anunciada.
A presença de espírito do quarto-zagueiro corintiano salvou a vida de seus companheiros de aventura no parque de diversões em que o estádio se transformou por obra e desgraça dos mui amadores dirigentes do esporte dito profissional e da indigestão municipal. Não se sabe por que razão, o campeão e a taça estavam acompanhados no local pelo secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, do PSDB, mas a serviço do DEM de Gilberto Kassab, e pelo ministro da modalidade no governo federal, Orlando Silva, emprestado pelo PCdoB ao PT de Lula.
Não há registro de nenhum desses senhores participando da campanha do Corinthians, a não ser a inglória tentativa que o secretário tem feito para ceder aquele estádio, patrimônio da coletividade, ao clube, cujos dirigentes nunca foram capazes de construir sequer um centro de treinamentos para preparar seus jogadores. Pelo caso conclui-se que ambos faltaram à aula de História em que se explicou a maior tragédia de nosso esporte: a romaria de “bicões” como eles à concentração da seleção nacional que perdeu a final da Copa de 50 para o Uruguai.
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