Coluna de 26/4/2012
(próxima coluna: 9/5/2012)
O reparador
Amor novo. Ele mentiu-se reparador de tudo.
Ela, claro, aproveitou: lâmpadas, chuveiros, pias, bacios de banheiro, portas, janelas e paredes.
Ele, no começo, não reclamava, pois ela sempre o amaciava antes com um amor de coxas, uma boca mais atenta, um gemido mais dentro. Reparou a casa da sogra, da madrasta, da tia com parkinson, da vizinha virgem e de quem mais ela pediu.
Um dia ele disse que estava cansado, que não queria atravessar a cidade para reparar a casa da prima em terceiro grau.
Ela, claro, amuou. Salgou demais a comida, manchou sua melhor camisa, negou-lhe os gemidos de que tanto gostava.
Por fim, ele atravessou a cidade para reparar as coisas da prima. Não voltou mais.
Eulália, a prima em terceiro grau de seu antigo amor, tinha artimanhas bem mais intensas e não lhe cobrava pelos serviços. Dizia que homem seu não iria fazer coisas inúteis.
Até onde se sabe continuam se amando sob as goteiras.
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